Eu tinha um amigo... o seu nome era Bernas.
Abro aqui um parêntisis na divulgação das nossas voltas de bike pra contar algumas coisas acerca do meu amigo, digamos que há dois anos, mais coisa menos coisa, o Barril levou pra casa um cão: o Bernas... logo se estabeleceu aí uma cumplicidade do Bernas com toda aquela malta que por ali vive e não só. Cão diabólico que nos levou logo a gostar dele de forma incondicional. Bem sei que por vezes aqueles presentes... e de que tamanho eram... nos deixavam irritados... mais com o Barril. Sim, porque com o Bernas não sabíamos como nos irritar. Ter aquele amigo com os olhos tristes e uma fome quase inesgotável todos os dias há nossa espera., de dia ou de noite... de chuva ou de sol... era... acho que a palavra certa é... tranquilizador... sim, porque tínhamos a sensação de que não faltava ali nada, de que tudo estava no sitio certo... gaita, quantas vezes não chamei por ele só pra saber se ali estava... lá aparecia o amigo... e depois lembrava-me: E agora não tenho nada pra lhe dar... olha, acho que tenho ali as bolachas da Cláudia... Desculpa Cláudia. Não era eu que as comia, era o Bernas. Ainda no outro dia fui àvaranda e chamei pelo Bernas... fiquei com um nó no estômago porque me tinha esquecido que o meu amigo já cá não está... mas ouvir uma criança dizer: O Bernas foi pra um sitio melhor! - e o pai acrescentar com: O avô tá a tomar conta dele... faz-nos continuar a ter muitas saudades, mas a achar que sim, o Bernas tá num sitio melhor.
A Ovelha Negra (um amigo do Bernas)
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O Bernas |